acordei desanimada, cansada, com um aperto no coração... vontade de ir embora, largar tudo e todos e recomeçar em um lugar bem diferente, onde ninguém me conheça e eu consiga viver em paz e longe das coisas que me trazem pensamentos horríveis...
estou cansada de acordar, olhar as paredes roxas do meu quarto, a escrivaninha branca, o espelho, a bagunça no chão. quero um lugar diferente, onde eu me sinta bem, confortável... acho que minha vida seria melhor se eu morasse sozinha. claro, não teria certos luxos, como roupa lavada, casa arrumada, isso eu mesma teria que fazer, mas eu acho que viveria melhor comigo mesma. deixar o som na alto, comer porcarias, deixar minha bagunça em paz, o que eu mais queria *-* não seria irresponsável, arrumaria um emprego, continuaria estudando, mas eu ia me entender do meu jeito... aheoiaheio é confuso, mas eu sei que eu sou capaz de levar uma boa vida se eu quisesse... não preciso de todos os luxos que meus pais tentam me dar.. preciso de pouco para sobreviver, mesmo aparentando o contrário. eu gosto de me enganar. é, eu sou confusa assim. estranha. mas é meu jeito, e por enquanto eu estou bem. (: prefiro me enganar e sofrer, do que ser enganada por outros e sofrer por quem não vale a pena.
Manuel Bandeira - Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
eu estava com esse poema na cabeça... então, tá aí. não sei mais o que dizer...
